sábado, 17 de maio de 2008

EIVA

e que agonia é essa meu deus agonia de perder o norte do passeio
e perder o rumo de casa e esquecer os pés amarrados nas coxas
e esquecer os dedos nos cabelos e esquecer a língua da própria boca
o olho o ouvido o faro e eu por fora e eu por dentro
e eu sem olho e eu sem ouvido e eu sem faro
colado na terra ouvindo o barulho de alguma carroça de roça
que está longe longe mesmo longíssima
carroça de roça carreando caroço de milho
eu e essa boca de animal faminto
eu e essa boca rude de fome
eu e essa boca rude de sede
apenas como o nada e apenas bebo o nada
e depois de comer o nada e depois de beber o nada
ser facho
e eiva e eiva e eiva

a eiva a eiva a eiva

eiva eiva eiva